O Sexo das Aranhas
O objetivo principal na vida de um macho é acasalar com uma ou mais fêmeas antes que outros machos o façam. No final das contas, essa não é uma tarefa fácil na maioria das espécies.
O primeiro obstáculo é encontrar uma fêmea. A maioria das espécies de
aranhas é de animais completamente solitários que vivem e se alimentam sozinhos, espalhados em uma grande área, tornando escassa a presença de uma fêmea disponível. O macho tem a tarefa desanimadora de rastrear uma fêmea sexualmente madura e receptiva na área, antes que outros machos a encontrem.
Na maioria das espécies, a fêmea facilita as coisas para o macho fazendo “propaganda” de si mesma com feromônios, substâncias químicas comunicativas. Muitas fêmeas que vivem no chão secretam um feromônio nos seus fios de segurança, o fio de seda que deixam para trás.
Quando os machos da mesma espécie passam por estes fios, farejam o feromônio com sensores químicos nas pernas dianteiras e assim encontram a fêmea. As fêmeas que fiam teias podem soltar feromônios diretamente no ar ou cobrir com eles as teias, criando uma “antena química” natural.
Os machos podem também vigiar as fêmeas sexualmente imaturas e ainda em desenvolvimento, para que possam ser os primeiros a acasalar após a última muda da fêmea. Localizada a fêmea, ainda é preciso enfrentar qualquer outro macho na área. Nas espécies em que a fêmea fia a teia coberta com feromônio, a primeira tarefa do macho é destruir a teia para cortar o sinal, evitando que outros machos sejam atraídos.
Na maioria das espécies, se outros machos estiverem presentes, haverá uma luta pelo direito de copular com a fêmea. Após ter dado conta de outros competidores, a próxima tarefa é lidar com a fêmea. Os machos são geralmente bem menores que as fêmeas da mesma espécie, fazendo deles presas fáceis.
O macho tem que sinalizar para a fêmea que é uma aranha da mesma espécie, que não é comida nem um predador em potencial e que tem a intenção de copular. Isso é a corte.
Fazer a corte varia consideravelmente entre as espécies. Muitas
aranhas que fiam teia usarão a vibração como meio de comunicação para fazer a corte. O macho pode produzir um som específico em um fio conectado à teia da fêmea para identificar-se e demonstrar suas intenções.
Muitas
aranhas com visão melhor, como várias
aranhas lobo e saltadoras, vão “dançar” para cortejar a fêmea. Quando a fêmea reconhece o comportamento de corte do macho, se posiciona para o sexo, sinalizando ao macho que está receptiva ou deixando claro que não está disponível, balançando a teia, por exemplo, ou simplesmente indo embora.
Se o macho estiver desesperado para acasalar porque todas as fêmeas da área colocarão ovos em breve, ele pode prosseguir assim mesmo, mas sabendo perfeitamente que a fêmea poderá matá-lo. Os órgãos reprodutivos dos machos e fêmeas ficam na parte de trás do abdômen, mas as
aranhas não acasalam encaixando esses órgãos.
Ao invés disso, o macho deposita um pouco de esperma numa pequena teia que segura com a ponta dos seus pedipalpos. Quando a fêmea está na posição, o macho deposita o esperma na abertura genital dela. A fêmea armazena o esperma em receptáculos próximos aos ovários. Quando está pronta para pôr os ovos, meses depois em algumas espécies, usa o esperma para fertilizá-los. Algumas
aranhas podem pôr centenas, até milhares de ovos de uma vez.
Como vimos anteriormente, algumas
aranhas colocam seus ovos numa bolsa de seda e os abandonam e outras permanecem junto a eles até os filhotes nascerem. Muitas espécies de
aranhas lobo carregam os filhotes nascidos nas costas até que estes estejam maduros o suficiente para cuidarem de si mesmos.
Os filhotes continuam fazendo a muda, crescendo até atingirem a maturidade sexual. Então, todo o ciclo recomeça com os machos procurando as fêmeas e estas colocando ovos. A maioria das
aranhas tem uma expectativa de vida muito curta, variando de poucos meses até alguns anos.
Mas algumas fêmeas de tarântula podem viver até 20 anos. Essas
aranhas colocam ovos várias vezes durante a vida e fazem a muda anualmente, principalmente para substituir partes danificadas do corpo.